terça-feira, 24 de junho de 2008

SEU PAI ARNAUD FLORENCE

Se as influências artísticas que formaram seu caráter procederam de sua linhagem materna e monegasca, Hércules Florence tem de seu pai, sem dúvida alguma, o anseio por viagens e conhecimentos que o levaria para distante de sua terra natal.
Arnaud Florence era filho de Roch Florence, mestre de cirurgia, figura emérita de Toulouse. A febre de aventuras atingiu muito cedo este filho fantasioso e temerário.
Sur un coup de tête, dans les turbulences de sa jeunesse (sobre um golpe de cabeça, nas turbulências da sua juventude) engajou-se no Regimento Real Comtois, designado para o serviço dos portos e colônias, promessa de grandes viagens pelos oceanos. Durante sete anos ele serviu em La Rochelle, Saint Martin de Ré et Rochefort, portos de embarque para o Mar das Índias e Isle de France (ilhas Mauricio), quando foi nomeado segundo sargento cirurgião a bordo de várias embarcações. Tendo o Royal Comtois sido designado para Lille, Arnaud Florence deixou o regimento em 1775.
De volta a Toulouse, aprendeu os rudimentos da medicina com seu pai.
Quando a revolução estourou, abraçou a causa republicana e em fevereiro de 1792 foi eleito cirurgião-mór no Estado Maior do 3º Batalhão de Voluntários de Haute Garonne. A tropa foi guerrear na Savóia e no outono chegou ao Rio Var, fronteira do Condado de Nice. O general Anselme ocupou a cidade sem disparar nenhum tiro e despachou o 3º batalhão para Mônaco, para proclamar a república.
Em Mônaco, requisitou-se, para os soldados, a maior parte do Palácio do Príncipe. A ala dos grandes apartamentos foi designada para ser Hospital militar e a capela transformada em armazém de víveres e depósito de armas. Na capela da Misericórdia instalou-se a “sociedade dos Amigos da Liberdade e da Igualdade”. Esta sociedade apressou-se em votar, logo nos primeiros dias de 1793, a decadência dos Grimaldi e a união de Mônaco à República, rebatizada Forte Hércules. Em Paris, Robespierre triunfava no Comitê de Saúde Pública, enquanto que os Sans culotte da sessão do Bonnet rouge prendiam o Príncipe Honoré III em sua residência de Matignon.
Quando na primavera de 1776, o exército da Itália levado pelo general Bonaparte retomou a ofensiva no Rio Pó, Arnaud Florence foi chamado a Nice e nomeado Oficial de Saúde de 2ª classe no Hospital nº 3 que era o Palácio do Governador. Ele instalou sua família numa ruela sombria e estreita, a Rue de la Réunion, 4ª sessão, assim rebatizada a fim de comemorar a união de Nice à República (atualmente Rue du Gesu).
Nasceu o terceiro filho deles, Fortuné. Os Florence mudaram-se para a Place de la Liberté (atualmente Place du Palais de Justice). Alguns meses mais tarde, no outono de 1799, uma terrível epidemia de peste dizimou a cidade. Augustine perdeu seu filho Jean Baptiste e seu irmão, o pintor Jean Baptiste Vignalis.
Terminada a campanha da Itália, os oficiais de saúde foram reformados e Arnaud encontrou-se sem recursos e os seus na miséria. Foi então que o prefeito Florens lhe confiou um empreendimento titânico, mas bem-vindo: registrar a situação dos Alpes Marítimos, nomeando-o para isso “Comissário encarregado da estatística”. Após 16 meses de trabalho, ele entregou uma enciclopédia detalhada do departamento (região dos Alpes Marítimos).
Seguiram-se dias difíceis e incertos. Arnaud só receberia parcos emolumentos como professor de desenho na Escola Central. Nasceu outro menino em 1804, chamado Hércules. Dois meses mais tarde, Napoleão Bonaparte era coroado Imperador.
Célestine, sua última filha nasceu no verão seguinte.
Em seguida, partiram para Vintimille (Ventimilha). Arnaud tinha sido nomeado fiscal de impostos, pois Napoleão havia reunido o distrito de San Remo ao departamento dos Alpes Marítimos. Arnaud foi rapidamente despedido e voltou a Mônaco onde morreu em 14 de outubro de 1807, na residência da família na rua do Hospital. Seu filho Hércules tinha três anos e Fortuné oito. Augustine, sua esposa, viveu mais cinqüenta anos e morreu com 89 anos.
(Trecho de artigo escrito por William Luret na revista Annales Monegasques - 2006)

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá!
Meu nome é Daisy Marques, sou estudante de jornalismo, e estou no último ano do curso, decidi fazer um livro-reportagem sobre Hércules Florence, o desenhista da expedição científica Langsdorff.
Poderia me conceder uma entrevista.
Grata
Daisy
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