terça-feira, 8 de março de 2011

Nossas mãos se tocam vivamente

Dez meses e cinco dias depois de sua primeira chegada a Cuiabá, Hércules partiu dessa cidade em 5 de dezembro de 1827.

Sobre o dia 11 de dezembro de 1827 Hércules escreveu em seu diário o trecho que segue abaixo.

Estava ausente o dono do sitio Campo dos Veados, mas isso não impediu sua mulher de receber-nos com toda a franqueza, simples e digna. Essa simplicidade rústica brindou-nos com o máximo de descanso.
Aformoseiam este recanto matas de guaguaçus, a altiva e imponente palmeira, cujas folhas se volvem para o céu e não se curvam para a terra.
Dir-se-á que Deus, às vezes, se compraz em estabelecer um concurso de harmonias que fazem sonhar com a felicidade. Este sítio, estas pradarias, este ar, estas palmeiras, as fontes do Paraguai, que nasce a um quarto de légua, e sintetizando todos os encantos a moça da casa, a mais bela jovem que vi até hoje. Que experiência de belezas, quanta elevação do pensamento!...
No dia seguinte, depois do almoço, terminada a excursão que empreendera com o objetivo de desenhar uma nova planta, disso resultando o retardamento de minha refeição, fazia-a sozinho, sentado num banco, quando Isabel veio postar-se colada à porta de seu quarto, que dá para a varanda. “vai agora para o Pará”, disse-me ela, “e sinto que jamais retornará!” Aperta-se me o coração, aproximo-me dela e nossas mãos se tocam vivamente. “Minha mãe chega” diz-me ela e, com efeito, sua mãe e sua irmã entram na varanda.


Referência: Viagem Fluvial, traduzido por Francisco Álvares Machado e Vasconcellos Florence e publicado em 1977.

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